História da Federação Mineira de Ciclismo


História do ciclismo mineiro

Em 1936 foi dada a largada para a introdução do Ciclismo e Motociclismo em Minas Gerais. A padaria dos irmãos Genaro e Leone Cioglia, situada à Rua Espírito Santo quase esquina da Rua dos Caetés, em Belo Horizonte, transformou-se no ponto de encontro dos ciclistas e motociclistas, pois Genaro era um apaixonado pelo ciclismo e trouxe junto com sua bagagem, na vinda para o Brasil, algumas medalhas que ganhara em competições na Itália. Um pouco mais abaixo, na mesma rua, ficava a melhor oficina de motocicletas de Belo Horizonte, cujo dono, também muito popular, Dante Zanforlin, freqüentava a padaria juntamente com outros adeptos do ciclismo e motociclismo. E foi através destes encontros que surgiu o CICLE MOTO CLUBE no ano de 1936. O entusiasmo dos seus fundadores era tão grande que em pouco tempo já tinham sede própria, que possuía desde sala de ping-pong até quadra de basquete, realizações estas, feitas com as mensalidades cobradas dos seus associados. O CICLE MOTO CLUBE, logo em seguida, passou a promover provas de ciclismo nas modalidades infantil, adulto e também provas de motociclismo.

Federação

A Federação Mineira de Ciclismo e Motociclismo foi fundada somente em 1o. de Janeiro de 1941, onde diversos clubes como Cicle Moto Clube, América Futebol Clube, Clube Atlético Mineiro, Cruzeiro Esporte Clube, Paisandú e Fluminense da Lagoinha tornaram-se afiliados. O primeiro presidente da Federação Mineira de Ciclismo e Motociclismo foi o advogado, Francisco Ferreira Carvalho, falecido em 1997. Outros presidentes que representaram a Federação foram: Cândido Ubaldo Gonzáles, Wilson Saliba, Paulo de Castro, Clóvis da Rocha Pinto, Clemenceau Saliba, Armênio Silva, Guilherme João, Cezar Brandão Martins, Daniel Brandão Martins, Antônio Carlos Ferreira Nehmy e atualmente, Mário Lúcio Freitas Pinto.

Competições

O ciclismo, durante muitos anos, esteve em grande evidência em Minas Gerais, não só em Belo Horizonte, mas também em algumas cidades do interior como Juiz de Fora, Caratinga, Uberlândia, Patos de Minas, Montes Claros, Poços de Caldas, Araxá, etc. As Provas de Estrada (que na época eram estradas de terra) eram realizadas de Belo Horizonte a Lagoa Santa, Belo Horizonte a Sete Lagoas, Belo Horizonte a Pará de Minas, Belo Horizonte a Pedro Leopoldo e Belo Horizonte a Santa Luzia. As Provas de Circuito eram realizadas, quase sempre, em torno da Praça Raul Soares. Dava-se a volta em torno da praça, entrava-se na Avenida Bias Fortes em direção ao Palácio da Liberdade e retornava-se pela Rua Rio de Janeiro, perfazendo um total de 2 Kms cada volta. Eram realizadas provas de 60 a 100 Kms. As provas de motociclismo eram realizadas, quase sempre, na Pampulha.

Competidores até 1952

As competições não aconteciam com um grande número de participantes devido às dificuldades financeiras e pelo fato dos ciclistas serem amadores, porém, eram bem selecionados e existia entre eles muita rivalidade. Eis aqui alguns nomes expoentes e que brilharam nas disputas, incentivando e motivando o ciclismo mineiro até o ano de 1952: Arlindo Coutinho, Hélio Boschi, Mário Tassini, Clóvis da Rocha Pinto, Wander Saliba, Milton Lapertosa, Isaias Mascarenhas, Otacílio Mascarenhas, Geraldo Silva, Humberto Garbachio, Gerson Romano, Moacir Matos, Vivaldo José da Paz, Armênio Silva, Leo Cioglia, Walter Cardinalli, Walter Tassini, Wilson Martini, Paulo de Castro, Carlos de Castro. No período entre os anos de 1936 a 1952 foram realizadas poucas provas e somente através do entusiasmo e dedicação dos ciclistas é que a chama deste esporte se mantinha acesa. Este fato prejudicava muito os atletas nas disputas realizadas em outros estados, mas, apesar de tudo, Minas Gerais sempre esteve presente em Campeonatos Brasileiros, como 9 de Julho, etc.

Ciclismo e Motociclismo

Em 1956, na gestão de Clóvis da Rocha Pinto como presidente da Federação Mineira de Ciclismo e Motociclismo, aconteceu a separação do Ciclismo e do Motociclismo, criando-se assim, duas federações diferentes. Neste mesmo ano, Clóvis da Rocha Pinto, realizou a I Volta Ciclística de Minas Gerais, feita em 10 etapas, todas em estrada de terra e contou com o apoio efetivo de Clemenceau Saliba , que trabalhou na organização desta prova. A Diretoria de Esportes de Minas Gerais recebia uma verba da Loteria Mineira e repassava-a para as federações. A I Volta Ciclística de Minas Gerais foi realizada com 80% da verba cedida pela Diretoria de Esportes e 20% com verba doada pelas prefeituras das cidades por onde iriam passar as provas. Esta prova contou com a participação de atletas de outros estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Velódromo

Minas Gerais inaugurou o III Velódromo do Brasil no dia 09 de outubro de 1983. Através do seu idealismo sem precedente e com o intuito de impulsionar o ciclismo mineiro, o senhor Cezar Brandão Martins, presidente em gestão da federação, após muita procura do local apropriado e enfrentando a falta de apoio das autoridades em Belo Horizonte, conseguiu em Contagem um terreno dentro do parque Fernão Dias, local ideal para a construção do velódromo. Cezar Brandão Martins acompanhou pessoalmente a execução da obra e trabalhou arduamente na captação de recursos para a sua finalização, que incluía ainda, a iluminação para provas noturnas. Desde o dia da sua inauguração 09/10/83 até o dia 16/10 de 1983, foram realizadas todas as modalidades de provas de velódromo, com a participação de ciclistas de todo o Brasil e ainda uma prova de estrada de 100 Kms. Minas Gerais, muito bem representada, por Alex Fernandes Medeiros e Cássio de Paiva Freitas, atletas, naquela época, do Clube Recreativo Mineiro de Belo Horizonte, participaram destas provas no velódromo contando com o apoio da torcida mineira, que lotou as arquibancadas e, de pé, batia palmas incentivando e ovacionando os dois ciclistas.

Escolinha de Ciclismo

Em 1980, com o apoio do Clube Recreativo Mineiro, situado à Rua Grão Mogol, no bairro Carmo, em Belo Horizonte, Clovis da Rocha Pinto criou a Escolinha de Ciclismo. As aulas de ginástica, exercícios e palestras sobre o ciclismo eram dadas todas as 3a. e 5a. feiras a noite, e despertaram um interesse
tão grande entre os atletas, que chegaram a ter cerca de 50 rapazes participando.

O então presidente do Clube Recreativo Mineiro, Luiz Rossi, entusiasmado com o sucesso da escolinha, criou o Departamento de Ciclismo do Clube, filiando-se à Federação Mineira de Ciclismo e apoiando os ciclistas que passaram a pertencer ao clube. Os atletas não recebiam pagamento, mas contavam com o apoio e o fornecimento de todo o material necessário para a manutenção de suas bicicletas (pneus, rodas, correntes, etc.), como também um veículo Kombi e um chouffer que os transportavam para as competições e viagens, com tudo pago pelo clube. Devido ao excelente resultado deste trabalho, realizado durante os anos de 1983 a 1985, surgiu em Minas Gerais o maior ciclista de todos os tempos do Brasil, Cássio de Paiva Freitas. Cássio destacou-se tanto nas provas realizadas em São Paulo, como atleta do Clube Recreativo Mineiro, que foi convidado a fazer parte e correr pela Equipe de Ciclismo da Pirelli (São Paulo), como profissional, sendo então contratado no ano de 1985. Desde então, sua carreira como ciclista profissional decolou, disputando em 1988 os 20o. Jogos Olímpicos de Seul, Prova de Estrada, 200Kms, chegando em 20o. lugar junto com o pelotão dianteiro. Em 1989 foi o 14o. lugar no Campeonato Mundial de Amadores na cidade de Chamberry (França). Em 1998, 1o. lugar no Campeonato Sul – Americano em Prova de Estrada e o 2o. lugar no Panamericano, também em estrada. Em 1990 mudou-se para Portugal, como profissional e conquistou importantes provas na Europa, vencendo a Volta de Portugal (1992) com 16 etapas, transformando-se em um ídolo para os portugueses. Outro nome importante e de destaque do Clube Recreativo Mineiro foi Alex Fernandes Medeiros, Vice – Campeão Brasileiro de Velocidade e Vice – Campeão Panamericano em Montevidéu, no ano de 1984, ambos os títulos alcançados na categoria Júnior. Contratado, mais tarde, pela Caloi, em São Paulo, infelizmente este atleta não pode dar continuidade ao seu trabalho, deixando o ciclismo muito cedo. O Clube Recreativo Mineiro, através da sua Escolinha de Ciclismo, possuía grandes promessas para o esporte mineiro e para o Brasil, mas não raros eram os problemas enfrentados por estes atletas, como apoio familiar, opção entre o estudo e o esporte, entre outros, que os impediam de continuar se dedicando a um esporte tão bonito e competitivo.

Ciclismo Feminino

O ciclismo feminino mineiro deve ser lembrado e exautado através do nome de uma das melhores ciclistas do Brasil; Cláudia Carcerone, que venceu três vezes a prova 9 de Julho e representou o Brasil nas Olimpíadas da Espanha e Sidnei. Cláudia Carcerone, radicada na França, atualmente corre na Categoria Máster, alcançando o 2o. lugar no Campeonato Mundial de Ciclo Cross.

Calendário

Minas Gerais sempre teve uma programação e um calendário para as provas de ciclismo realizado pela Federação Mineira de Ciclismo. A prova mais importante e que faz parte do Ranking Nacional, criada por Guilherme João durante sua gestão na presidência da Federação, é a tradicional Prova de 21 de Abril, onde é realizada a Prova de Circuito em Belo Horizonte e a Prova de Estrada entre Ouro Preto e Belo Horizonte, que no ano de 2000, teve como vencedor da XXIII prova, Cássio de Paiva Freitas? E a de 2001?

Campeonato Brasileiro de Juniores

Belo Horizonte realizou no ano de 1997 o Campeonato Brasileiro de Juniores e Minas Gerais conquistou o 1o. lugar, através do jovem atleta André Almeida, que também representou o Brasil no Campeonato Mundial de Juniores, tendo como seu preparador o professor da UFMG, polonês radicado em Belo Horizonte, Dr. Leszek A. Skmuchkowski, que também foi o preparador de Cláudia Carcerone.

Mountain Bike

O Mountain Bike e o Iron Bike, que também são modalidades integradas à Federação Mineira de Ciclismo, podem sentir-se privilegiadas pelas provas realizadas e organizadas em Minas Gerais, pois são consideradas as melhores do Brasil. A Federação Mineira de Ciclismo conquistou uma posição de destaque no ciclismo nacional devido à realização das melhores provas de Mountain Bike e Iron Bike, tanto na organização como na escolha dos melhores locais onde ocorrem estas provas. As provas de Iron Bike são realizadas em 2 etapas de Ouro Preto a Belo Horizonte e já conta com participações internacionais e com um número superior a 800 atletas.

Ciclismo no Brasil

O ciclismo no Brasil, infelizmente, não tem a mesma tradição e grandeza como em outros países da Europa, onde encontramos grandes provas, com a participação de atletas do mundo inteiro destacamos a Volta de Portugal, a Volta da Itália, a Volta da Espanha e a mais importante que é a Tour de France. O ciclismo é um esporte com uma enorme beleza plástica, de muita valentia e que exige dos atletas muita dedicação e abnegação. O ciclismo traz grandes benefícios para a saúde, mantém o atleta com excelente preparo físico, melhora seu desempenho cárdio – vascular, entre outros e também traz muitos ensinamentos para a vida.

História do ciclismo mineiro

A história do Ciclismo Mineiro foi narrada, aqui, por Clóvis da Rocha Pinto que, aos 11 anos de idade tornou – se um dos fundadores do CICLE MOTO CLUBE de Minas Gerais. Clóvis da Rocha Pinto competiu dos 11 aos 25 anos de idade, como amador e por paixão e devoção ao esporte. Mais tarde, no ano de 1951, montou uma loja para venda de bicicletas e acessórios (atacado e varejo), chamada CICLOVIS, que atendia a todos os ciclistas da capital e interior. Nesta mesma ocasião, criou o CLUBE CICLOVIS, que patrocinava cinco ciclistas e tendo o Cruzeiro Esporte Clube como seu maior adversário.


POR: CLOVIS DA ROCHA PINTO